31 janeiro 2011

De novo (outra vez)!

Naquela sexta fui dormir a pensar nisto. Nas vezes que fiz da surdez, da dança, dos copos, da diversão, uma anestesia. Tornei-me zombie por vontade, abracei a apatia como uma velha amiga, sem ponderar o quanto me poderia corroer a alma. E foi o que fez. Comeu-me por dentro enquanto eu insistia em encher os buracos que ela criava com mais copos, mais noites, mais barulho, mais pessoas, mais tentações. A verdade é que a dimensão dos buracos negros que me abarcavam o dentro eram impossíveis de preencher com tais futilidades, mas eu insistia. Pisava os pedaços de espelho partido que me pavimentavam o chão imenso deste vazio negro, sangrava e fingia que não sentia. E era mentira. Sentia. Nas noites escuras em que o silêncio me inundava sentia e bem. Não tinha vontade de recomeçar e deixava que a ausência de querer me esbofeteasse uma e outra vez. Acabei negra, como as profundezas da minha morada, na beira da estrada de onde nunca sai.

No sábado seguinte não foi nada disso que quis. Apeteceu-me dançar, fingir que o mundo desaparecia porque voltei a estar nele. A ser do mundo. Permitir que o corpo se soltasse porque reclamei o que era meu, não o sendo nunca na totalidade.

27 janeiro 2011

Coisas que me causam tromboflebites!!!

Uma pessoa não tem só mau feitio e defeitos, não. Há que ter noção das suas qualidades. Eu sou naturalmente generosa. Gosto de ajudar tudo e todos e não raras vezes me ofereço para fazer o que está o meu alcance sendo que tal passa na maioria dos casos por tentar, por chatear meia dúzia de amigos, por enviar um e-mail, fazer um telefonema, enfim, tentar. E se é certo que não espero agradecimentos de maior também não é menos verdade que não aceito gente que, depois de servida, se arma em fina [do tipo eu agora estou bem e quero lá saber dos desvalidos da vida, quando há bem pouco tempo ocupavam o lugar destes últimos]. Não é por nada, pessoas, não é por nada mas a terra é redonda e gira, só isso

22 janeiro 2011

Reflexão...

Tenho a mania de complicar o fácil. Ou a mania de persistir no erro, não sei bem. Qualquer uma das duas parece-me hedionda o suficiente para deixarem de ser opção de escolha. E, para vos ser plenamente sincera, pouco sei das dificuldades da vida. Tive a minha dose, como todos teremos tido, mas nada de tão macabro que me faça amaldiçoar o dia em que nasci.
Não foi o mundo que me trocou as voltas e me pregou rasteiras doridas. Fui eu, na minha insistência no não querer, não fazer, não me expandir. Fui eu, na minha pequenez. E hoje, aqui neste lugar que nada tem de meu, garanto-vos que não teria vivido sem todos estes erros. Talvez agora tire dois minutos para repensar o Amor. O tempo escasso de beber um café e fumar um cigarro, com o Amor ali sentado ao meu lado, numa qualquer esplanada invernosa desta metrópole. Dois minutos e tantos tempos dentro deles.
E o Amor a deixar-me ser.
Tendo a delicadeza e a simpatia de me deixar conhecê-lo e tratá-lo por tu. Nestas coisas de viver e de aprender, sou subordinada. Pouco tenho para ensinar e isto é apenas um rascunho mal amanhado do que poderia ser. Posso apenas garantir-vos que não há nada mais puro que a entrega e a mutualidade da Vida. Sim, com maiúscula, como o Amor. Se pessoas com cargos importantes merecem letras capitais, então dádivas como estas mereceriam ortografias que agrupassem o mundo. E aqui, no mundo, já receio usá-las, por existirem tantos mundos por aí, dentro do mundo que conhecemos e tomamos como nosso. Talvez seja isto, sabem? Dois minutos, dois tempos, duas décadas multiplicadas pelo infinito. Talvez seja isto de que precisamos. De que preciso. Perder dois minutos no café com o Amor e ganhar a eternidade de uma Vida que se viveu, em pleno. E se para isso tivermos que cair outras duas vezes, então que seja. Não será para isso mesmo que temos dois joelhos?

07 janeiro 2011

Em standby!

É o estado deste blogue. Só não é o meu porque entre trabalho e estudos nem tempo quase tenho para dormir..

01 janeiro 2011

2010-2011

Traço sempre as minhas metas com a mão tremida num lápis de ponta fina. Para poder alterá-las, enquanto o ano avança. No fim de 2009 nem isso fiz e, sinceramente, ainda bem. Seria impossível prever a minha montanha-russa. De tanto apagar e riscar de novo já teria rasgado o papel e transformado um plano bonito num verdadeiro asco. Talvez por isso tenha sido melhor assim.

Houve surpresas e houve desilusões. Choro, riso. Abraços e chega p'ra lá. Fui menina e fui mulher. Agora sou mais mulher do que menina.

Em 2010 aventurei-me, em tantos campos. Esqueci-me de mim, quis usar máscaras, perdi-me e voltei à Terra. Apaixonei-me mais vezes do que devia e menos das que podia. Protegi-me e, mesmo assim, a muralha foi abaixo. Fui boa. Porra, em 2010 eu fui mesmo boa! Não sei se o suficiente para compensar o má que fui mas devem estar taco-a-taco. E esta primeira década do milénio fez de mim alguém maior. Alguém melhor. Dez anos depois ainda encontro a menina inocente de tranças no cabelo e Barbie-em-modelitos-fashion no colo. E ela olha-me com olhos de orgulho e eu olho-a com olhos de saudade melosa. Porque às vezes teria sido bem mais fácil ter 12 anos em 2010.

2011 será o que fizermos dele. O que fizermos de nós. Uma coisa tenho certa: a bagagem nunca se abandona, por muito que se queira. E se foi com ela que viajei até aqui, só me resta pedir mais bagagem para 2011. Mais recordações, mais risos, mais alicerces fundamentados onde importa. Mais crescimento. Do saudável, se puder ser.

Feliz 2011, minha gente.