13 dezembro 2010

A justa conjugação do verbo DAR!

Eu nunca passei fome. Privações, sim. Fome, nunca passei. Mas na minha família houve quem soubesse bem que experiência é essa de querer e não ter. Não ter nada. E é precisamente em memória de todos os meus que por aí passaram que às minhas mãos não há quem me peça de comer e fique sem resposta. Dinheiro, dificilmente dou. Mas já entrei numa pastelaria acompanhada de uma pedinte que não conhecia, e sentei-me com ela à mesa e disse: coma o que lhe apetecer. Uma sopa, uma sandes, o que lhe apetecer. No fim, pedi que embrulhassem mais uma sandes porque, dizia-me a avó-madrinha que à noite a fome custa mais a suportar.

Não há ano que não contribua para o Banco Alimentar contra a Fome. O ano passado gastei alguns euros em compras para uma família carenciada em Santarém, os outros anos nem sempre o que carregava no saco correspondia àquilo que o meu coração gostaria de dar. Lembro particularmente quando ofereci as compras no ano passado á famíla da Bruna. Partiu-me o coração ela olhar para os sacos com os olhinhos brilhantes e gritar: LEITE! Mãe, faz-me leite! As lágrimas correram-me pela cara por querer poder fazer mais, pela Bruna e por todas as Brunas deste mundo, mas não poder.

Por isso faz-me sempre muita espécie gente que SÓ clama fervorosamente por mais um verniz, um par de brincos ou um colar como se a vida daquilo dependesse e depois vira a cara na rua porque esta coisa de haver pobres a pedir de comer é uma maçada. Uma canseira. E logo agora que uma pessoa vai cheia de pressa, credo

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